A terceira sessão do Cine Golpe traz o gênio de Roberto Rossellini novamente para Tapera. Mais uma grande obra, vencedora do Leão de Ouro em Veneza (1959), com personagens marcantes.

“O caminho cumprido por Emanuele Bardone (Vittorio de Sica), o protagonista de “De crápula a herói”, é muito mais complexo que o simplismo dos dois extremos presentes no título brasileiro do filme. Sua construção parece justamente atacar a ideia de que possam existir tipos com características tão estritas. Impossível não ver aqui também um caminho cumprido por Rossellini, de Roma cidade aberta para cá. Se quinze anos antes a guerra figurava como eliminadora das ambiguidades, ela agora passa a ser a própria fonte delas. Numa oposição entre a população oprimida por uma ocupação e a força militar ocupante e opressora, não restava muita dúvida de que lado ficar. Em “De crápula a herói” os lados continuam os mesmos, mas Bardone é a figura que transita entre as partes. Nem tão identificado com o sofrimento do povo italiano dominado, nem muito menos entusiasta do poder alemão, ele vai se moldando a partir da contingência, e não se furta a usar o artifício que for preciso para se sair melhor da situação em que se meteu. Um personagem, a princípio, quase antirrosselliniano.”
Rodrigo de Oliveira, jul/16, Sibila – Arte crítica

Itália/França, (1959), 138min

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