No dia 11 de julho acontece o debate “Religião & Militarização: Contribuições críticas a partir da teologia política e das ciências da religião”, sobre a atualidade da relação entre religião e violência de Estado na política brasileira contemporânea. São convidados para o evento Fellipe dos Anjos Pereira e Daniel Santos Souza.
“Política como polícia, deus como máquina de guerra, violência como ordem, tempos de exceção. A militarização é um dado crescente da vida social brasileira contemporânea. Militarização do cotidiano, das subjetividades, dos afetos, dos corpos, da educação pública, da justiça, das religiosidades, da alma. Como numa espécie de contágio da violência, os laços sociais na contemporaneidade têm sido constituídos a partir de práticas, discursos e afetividades conformadas às lógicas da militarização e da violência institucional. E, nesse contexto, é impossível contornar ou ignorar a presença e a operatividade da religião e dos agentes religiosos, em especial evangélicos, na ativação e na impregnação desta cultura militarizada que imagina o outro, o diferente e as alteridades, continuamente, como inimizades a serem, vigiadas, reprimidas, controladas, combatidas, encarceradas e, no limite, aniquiladas. Neste horizonte de mitificação das políticas de morte e da sacralização dos modos institucionais de abandonar à morte ou mesmo fazer morrer, convocamos a sociedade a um diálogo inadiável: pensar a relação da religião – em específico evangélica – com a produtividade da violência na cultura brasileira, a violência de Estado, especialmente.
A partir da apresentação da pesquisa de mestrado “Biopolíticas do Sacrifício: religião e militarização da vida na pacificação das favelas do Rio de Janeiro”, os pesquisadores em teologia/ciências da Religião, Fellipe dos Anjos e Daniel Souza, discutirão problemas críticos da política contemporânea da perspectiva dos acontecimentos recentes no Rio de Janeiro. As milícias cariocas e seus “sargentos”, figuras de um Estado Policial – aquele mesmo que matou Amarildo e Marielle – estão no poder. E, “ungidas” por certa representação hegemônica, majoritária e midiática dos evangélicos. Como evitar o debate sobre a presença da religião nesta conjuntura de celebração da violência? Os modos de governamentalidade vistos no Rio de Janeiro da pacificação à intervenção militar do Temer, são vistos, agora, em operação nas lógicas milicianas que assumiram o poder. Precisamos pesquisar, dialogar e produzir pensamentos e políticas que nos ajudem a lidar com esta contemporaneidade violenta.”
Fellipe dos Anjos Pereira é doutorando e mestre em Ciências da Religião na Universidade Metodista de São Paulo – UMESP. Possui graduação em Teologia pela Universidade Metodista de São Paulo (2011). Especialização (Lato Sensu) em Teologia Bíblica Sistemático-Pastoral pela FABAT – Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil- RJ. Tem experiência em Teologia Política e em Religião, Sociedade e Cultura, atuando principalmente nos seguintes temas: Violência, Biopolítica, Religião e Estado. Tem interesse nas linguagens teológico-religiosas presentes nas obras de Walter Benjamin e Giorgio Agamben.
Daniel Santos Souza é doutor (2019) e mestre em Ciências da Religião (2013), Licenciado em Filosofia (2011) e Bacharel em Teologia (2010) pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Participa do Grupo de Pesquisa: Teologia no Plural (UMESP). Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Filosofia Política e Filosofia da Religião. Também possui experiência em Teologia, especialmente, em Cristologia, Ecumenismo, Teologia da Libertação e Teologia do Pluralismo Religioso. Tem textos publicados entre livros, capítulos de livros e artigos em periódicos especializados. Entre 2015-2017 presidiu o Conselho Nacional de Juventude, espaço de participação da sociedade civil junto ao Governo Federal.