“A figura de um Hitler futurista vai parar em um país do Terceiro Mundo e se depara com uma realidade em convulsão em que imperam atrocidades como a perseguição política a comunistas, a tortura, autoritarismos, messianismos e a convivência entre miséria, degradação urbana, espetacularização e banalização da estranheza humana.”
No dia 26 de agosto, segunda-feira, às 19 horas, a Tapera exibe “Hitler Terceiro Mundo” (Brasil, 1968), do diretor José Agrippino de Paula, com Jô Soares, José Ramalho, Fernando Benini, entre outros, no elenco. 90 minutos, p&b, entrada gratuita. Um clássico do cinema marginal brasileiro!
“Difícil tarefa é enquadrar José Agrippino de Paula no panorama cultural brasileiro. Talvez seja nosso artista mais inóspito a esse tipo de cadastramento de que os bancos escolares, as enciclopédias e, por que não, os catálogos de mostras tanto necessitam. Zé Agrippino está além de seu tempo e de seu país. Ele é uma espécie de Leonardo da Vinci do Terceiro Mundo. A comparação não é à toa. Esse artista escreveu livros absolutamente solitários dentro da tradicional literatura brasileira, propôs uma nova dramaturgia e fez um dos filmes mais inquietantes do nosso cinema: Hitler 3º Mundo. Se Panamérica, seu romance mais conhecido, é uma espécie de Mona Lisa a rir cinicamente do universo pop, com Elvis perambulando por supermercados e beijos em Marilyns, Hitler 3º Mundo é sua Anunciação, uma obra para o futuro, visionária. Feito em caráter de urgência, no auge da repressão militar, o filme foi rodado na clandestinidade e suas imagens, vistas hoje, são de uma atualidade aterrorizante.” (Vitor Angelo).