“‘A máquina de carregar nadas’ – na topografia do imenso arquipélago da literatura contemporânea, este livro aflora como uma ilha muito singular: seu território está cercado de silêncios por todos os lados. E como a ilha é varrida pelos ventos, esse livro é ventilado por correntes de ar que procedem do que de mais valioso se produziu em nossas letras, e não só nelas, está claro. O lirismo é drummondiano, a contenção e a paciência da composição, cabralinas, a experiência de livro como uma máquina que mói silêncios e barulhos, gullartiana, a sintonia fina com as ventanias que varrem o mundo, alisam as praias, breyneriana; e essa sensação aguda de que a poesia pesa o peso de um nada, mas um nada tão pleno que, ao ser acolhido em palavras, faz dessas não a tradução de um silêncio, mas a experiência do mesmo, essa virtude é a do autor deste livro. Que não se engane, pois, o leitor: o peso do nada que o homem leva, do silêncio que a palavra é, esse peso está medido em cada verso aqui presente. Este é um livro denso.” – Bruno Rosa