No dia 02 de agosto, sexta-feira, acontece o lançamento do livro “Contos Brutos: 33 Textos Sobre Autoritarismo”, publicado pela Editora Reformatório, organizado por Anita Deak.
Haverá debate com Luiz Ruffato, Cristina Judar e Sheyla Smanioto, com mediação da organizadora da publicação, Anita Deak.
“Qual o caminho para compreender o autoritarismo? Talvez uma pista esteja na raiz da palavra. Ela deriva de autoridade, um dos pilares da nossa organização social. Enquanto autoridade é um poder atribuído a, o autoritarismo é o abuso que se faz a partir dessa atribuição. Esse livro traz uma contribuição literária importante ao tema. Por meio de 33 contos, escritores perfazem a linha fina que separa a autorização social e politicamente conferida – pilar da representação democrática, aliás –, do potencial perverso que todo poder tem de extrapolar os próprios limites.
A ficção, como sempre, não dá respostas únicas, sobretudo por que os autores partem de premissas e perspectivas diferentes. É possível, inclusive, que os textos dessa antologia despertem mais perguntas do que respostas para que o leitor se enverede por elas e construa suas reflexões. Por vezes, a autoridade é costurada em relações de poder que se dão nas ações dos personagens sem que eles tenham consciência de que a autoridade avança sobre suas liberdades individuais. Outras vezes, os próprios personagens e narradores transitam de sujeito que possui a autoridade para o que a perverte. Em outros casos, o autoritarismo rompe a fronteira racional e encontra o percurso narrativo da distopia e do realismo mágico. Seria uma saída para falar daquilo que só poderia ser tocado com profundidade de forma simbólica, alegórica? É como se a Literatura partisse dos objetos e ações do mundo para vivificá-los e tirá-los de sua sonolência e/ou negação.
É o que acontece em Contos Brutos. Velado, nu, ambíguo, cru, o autoritarismo vem para o centro da narrativa para que possamos dissecá-lo, esmiuçá-lo, entender seus símbolos, seus vetores (ou quem sabe até reconhecê-lo em nós mesmos). Se calhar, vale até deixar o livro distraidamente sobre a mesa de centro daquele parente com quem você brigou no Natal passado.”